Tendências pedagógicas na Educação
  • TENDÊNCIAS PEDAGÓGICAS DA EDUCAÇÃO
  • Há na literatura educacional brasileira formas diversas de classificação e diferentes critérios para denominação das tendências pedagógicas. Libâneo (1985), utilizando como critérios os condicio­nantes sócio-políticos da escola, classifica as tendências em dois grupos:
   
  • 1Pedagogias Liberais Tradicionaise dentro destas destaca:
  • 1.1 Renovada Progressivista.
  • 1.2 Renovada não Diretiva.
  • 1.3 Tecnicistas.
  • 2 Pedagogias Progressistas
  • 2.1 Libertadora.
  • 2.2 Libertária.
  • 2.3 Crítico Social dos Conteúdos.
   
  • Brito (1985), sem deixar claros seus critérios, não fala em tendências, mas em “modelos de ensino”. São eles: Ro­mantismo, Transmissão Cultural, Progressivismo e Racional. Saviani (1983), tomando como critério a criticidade e a percepção dos condicionantes objetivos da educação como inteiramente dependentes da estrutura social geradora de marginalidade, situa, na história da educação brasileira, quatro grandes tendências, a saber:
  • 1 O humanismo tradicional, marcado pela visão es­sencialista do homem.
  • 2 o humanismo moderno, cuja visão de homem está centrada na vida, na existência, na atividade.
  • 3 a concepção analítica, sem definição filosófica cla­ra (de início positivista e mais tarde tecnicista).
  • 4 a concepção dialética, marcada por uma visão concreta (histórica) do homem.
   
  • Nessa divisão, o autor identifica dentro dessas grandes tendências categorias ou grupos que classificou de teorias críticas e não críticas. As não-críticas são: Pedagogia Tradi­cional, Pedagogia Nova e Pedagogia Tecnicista. As críticas englobam Teoria Crítico-Reprodutivista, Teoria do Sistema de Ensino como violência simbólica, Teoria da Escola como Aparelho Ideológico de Estado e a Teoria da Escola Dualista.
 
  • Sushodolski (1978) afirma a esse respeito que, se percor­rermos o extenso conjunto de pontos de vista e de posições pedagógicas, tomando como referência princípios de classi­ficaçãodiferentes, damos uma boa lição de antiesquematis­mo e de pensamento analítico, que mostra em que medida a realidade aparentemente homogênea é de fato variada. Esse autor, tendo como referência a controvérsia filosó­fica clássica entre filosofia da essênciaversusda existência, discute e compreende essa questão sem se importar com a análise dos aspectos que a condicionam. Nesse sentido ele traz em seu estudo duas denominações para a pedagogia: Pedagogia da Essência e Pedagogia da Existência. Entendemos que, para os fins propostos nesta discipli­na, os autores anteriormente citados são suficientes para as análises que faremos no decorrer do curso. Esse fato, contu­do não significa que inexistam outros pensadores ou auto­res que tenham classificado as tendências educacionais.
 
  • Iniciaremos apresentando de forma esquemática e sin­tética o significado das tendências, de acordo com cada au­tor para, posteriormente, compará-las entre si. Deixamos claro que, a partir desse ponto, procurare­mos ser ao máximo fiel às palavras utilizadas pelos auto­res. Apenas extrairemos e reorganizaremos as ideias num esforço de síntese. Caso o leitor queira aprofundar seus co­nhecimentos, procure as referências citadas de cada um dos autores. Iniciamos por Libâneo (1985) e sua classificação.
   
  • 3TENDÊNCIA LIBERAL TRADICIONAL
  • Nessa tendência, a atuação da escola consiste na pre­paração intelectual e moral dos alunos para assumirem sua posição na sociedade. Os conteúdos são conhecimentos e valores acumulados pelas gerações adultas e repassados ao aluno como verdade, sendo separados da experiência do aluno e das realidades sociais. Tem caráter intelectualista e enciclopédico. No relacionamento professor aluno, predo­mina a autoridade do professor, que exige uma atitude re­ceptiva dos alunos e impede qualquer comunicação entre eles no decorrer da aula. Os pressupostos de aprendizagem baseiam-se na ideia de que a capacidade de assimilação da criança é idêntica à do adulto, apenas menos desenvolvida. Os programas de­vem ser dados numa progressão lógica estabelecida pelo adulto, sem levar em conta as características próprias de cada idade. As avaliações se dão por verificação de curto prazo (interrogatórios orais, exercícios de casa) e de prazo longo (provas escritas trabalhos para casa). O reforço é em geral negativo (punição notas baixas apelo aos pais), às ve­zes é positivo (emulação,classificação).
 
  • 4TENDÊNCIA LIBERAL RENOVADA PROGRESSIVISTA
  • Aqui a finalidade da escola é adequar as necessidades do indivíduo ao meio social. Isso se dá por meio de experi­ências que devem satisfazer ao mesmo tempo os interesses do aluno e as exigências sociais. Cabe à escola permitir ao aluno educar-se num pro­cesso ativo de construção do objeto, numa interação entre estruturas cognitivas do indivíduo e estruturas do ambiente. Os conteúdos partem dos interesses e necessidades, em fun­ção das experiências vivenciadas pelo sujeito. Valorizam-se mais os processos mentais e habilidades cognitivas do que os conteúdos organizados racionalmente. A ideia central é aprender fazendo, por isso nessa tendência valorizam-se muito as tentativas experimentais, a pesquisa, a descoberta, o estudo do meio natural e social, o método de solução de problemas.
  • Nessa pedagogia não existe lugar privilegiado para o professor, uma vez que seu papel é auxiliar o desenvolvi­mento livre e espontâneo da criança. Quando intervém noprocesso, é para dar forma ao seu raciocínio. Como pressu­postos de aprendizagem, acreditam que a motivação depen­de de forças de estimulação do problema e das disposições internas e interesses do aluno. Assim, aprender se torna uma atividade de descoberta é uma autoaprendizagem, sendo o ambiente apenas o meio estimulador.
 
  • 5TENDÊNCIA LIBERAL RENOVADA NÃO-DIRETIVA
  • Acentua-se nessa tendência o papel da escola na forma­ção de atitudes, razão pela qual deve estar mais preocupada com os problemas psicológicos do que com os pedagógicos ou sociais. A transmissão de conhecimento é secundária. Os processos de ensino visam a facilitar aos estudantes os meios para buscarem para si mesmos os conhecimentos que são indispensáveis. O professor é um facilitador de aprendizagem dos alu­nos. São capacidades exigidas do professor: aceitação da pessoa do aluno; ser confiável, receptivo e ter plena convic­ção da capacidade e auto-desenvolvimento do estudante. Na relação professor-aluno, a tendência não diretiva propõe uma educação centrada no aluno, visando a formar sua personalidade por meio da vivência de experiências significativas que lhe permitam desenvolver características inerentes à sua natureza. Toda intervenção é ameaçadora, inibidora de aprendizagem
 
  • 6TENDÊNCIA LIBERAL TECNICISTA
  • A escola funciona nessa tendência como modeladora do comportamento humano, por meio de técnicas específicas. À educação escolar compete organizar o processo de aquisição de habilidades, atitudes e conhecimentos específicos úteis e necessários para que o indivíduo se integre na máquina do sistema social global. Seu interesse é produzir “competentes” para o mercado de trabalho, transmitindo eficientemente in­formações precisas, objetivas e rápidas. A pesquisa científica, a tecnologia educacional e a análise experimental do com­portamento garantem a objetividade da prática escolar. Os conteúdos são informações, princípios científicos e leis estabelecidos e ordenados por especialistas, numa sequên­cia lógica e psicológica. A tecnologia educacional é a aplicação sistemática de princípios científicos comportamentais e tecno­lógicos a problemas educacionais, em função de resultados efetivos, utilizando-se uma metodologia e abordagem sistê­mica abrangente.
 
  • As etapas básicas do processo ensino aprendizagem, nessa tendência, são:
  • a) estabelecimento de comportamentos terminais, por meio de objetivos instrucionais;
  • b) análise da tarefa de aprendizagem a fim de se or­denar sequencialmente os passos da instrução;
  • c) execução do programa reforçando-se gradual­mente as respostas corretas correspondentes aos objetivos.
  • A relação professor-aluno é estruturada e objetiva, com papéis definidos: o professor administra as condições de transmissão de matéria conforme um sistema instrucional eficiente e efetivo em termos de resultados da aprendiza­gem; o aluno recebe, aprende e fixa as informações. O pro­fessor é apenas o elo entre a verdade científica e o aluno.
 
  • CRITICAS
  • Iremos abordar este tema nos itens que se seguem abaixo:
 
  • 12.2.1Teorias Crítico-Reprodutivista
  • Essas teorias, segundo o autor, são críticas porque postulam não ser possível compreender a educação senão a partir de seus condicionantes da educação em relação à sociedade. Saviani (1983) deixa clara a existência de um razoável número de representantes das teorias denominadas crítico -reprodutivistas, citando, por exemplo, Bowles e Gintis, “ra­dicais americanos”. Esse fato, contudo, não impossibilita a escolha das teorias que mais repercussão tiveram e que al­cançaram maiores níveis de elaboração, e cita:
 
  • 1 Teoria do Sistema como Violência Simbólica.
  • 2 Teoria da Escola como Aparelho Ideológico de Es­tado.
  • 3 Teoria da Escola Dualista.
   
  • 12.2.2Teoria do Sistema enquanto Violência Simbólica
  • Segundo Saviani, essa teoria está na obra A reprodução: elementos para uma teoria de sistema de ensino de Bour­dieu e Passeron (1975). Os autores tomam como ponto de partida que toda e qualquer sociedade estrutura-se como um sistema de re­lações de forças materiais entre grupos ou classes. Sobre a base da força material e sob sua determinação, erige-se um sistema de relações de força simbólica, cujo papel é reforçar por dissimulação as relações de força material. A violência simbólica manifesta-se de múltiplas formas: a formação da opinião pública por intermédio dos meios de comunicação de massa e jornais; as pregações religiosas; a atividade artís­tica e libertária; a propaganda; a moda; e a educação familiar.
  • A teoria geral da violência simbólica busca explicar a ação pedagógica (AP) como imposição arbitrária da cultu­ra (também arbitrária) dos grupos ou classes dominantes aos grupos ou classes dominadas. Essa imposição, para se exercer, implica necessariamente a autoridade pedagógica (AuP). A referida (AP) que se exerce da autoridade pedagó­gica (AuP) se realiza através do trabalho pedagógico (TP) entendido. A teoria deixa margem de dúvidas. A função da Edu­cação é a reprodução das desigualdades sociais. Pela repro­dução cultural ela contribui especificamente para a repro­dução social.
 
  • 12.2.2Teoria da Escola enquanto Aparelho Ideológico de Estado
  • O conceito de “Aparelho Ideológico de Estado” (AIE) deriva da tese segundo a qual a “ideologia tem uma existên­cia material”, isto é, a ideologia existe sempre radicada em prática materiais reguladas por rituais materiais definidos por instituições materiais. Como AIE dominante, vale dizer que a escola constitui o instrumento mais acabado de reprodução das relações de produção de tipo capitalista. Para isso ela toma a si todas as crianças de todas as classes sociais e lhes inculca durante anos a fio de audiência obrigatória “saberes práticos” envol­vidos na ideologia dominante. Os AIE podem ser não só alvo, mas também o local da luta de classe e, por vezes de formas renhidas, da luta de classe.
   
  • 12.2.3Teoria da Escola Dualista
  • Essa teoria foi elaborada por Boudelot e Establet (1997) e Saviani chama de teoria da escola dualista, porque os au­tores se empenharam em mostrar que a escola, em que pese a aparência unitária e unificadora, é uma escola dividida em duas (e não mais que duas) grandes redes as quais corres­pondem  à divisão da sociedade capitalista em duas classes fundamentais: a burguesia e o proletariado. Os autores dissipam as “ilusões da unidade escolar” e formulam proposições fundamentais ao longo de sua obra “L’école capitaliste en France” (1997) (A escola capitalista na França). Essa teoria deixa claro que todas as práticas escolares, ainda que contenham elementos que implicam um saber objetivo (e não poderia deixar de conter, já que sem isso a escola não contribuiria para a reprodução das relações de produção), são práticas de inculcação ideológica. A escola é, pois, um aparelho ideológico, isto é, o aspecto ideológi­co é dominante e comanda o funcionamento do aparelho escolar em seu conjunto. Consequentemente a função pre­cípua da escola é a inculcação da ideologia burguesa, isso feito de duas formas concomitantes: em primeiro lugar, a inculcação explícita de ideologia burguesa; em segundo lugar, o recalcamento, a sujeição e o disfarce da ideologia proletária. No quadro da teoria dualista, o papel da escola é, então, o de simplesmente reforçar e legitimar a marginali­dade que é produzida socialmente. Considerando-se que o proletário dispõe de uma força autônoma e forja a prática da luta de classes, suas próprias organizações e sua própria ideologia, a escola tem por missão impedir o desenvolvi­mento da ideologia do proletário e a luta revolucionária. A escola, portanto não qualifica o trabalho intelectual e o tra­balho manual, pelo contrário, qualifica o trabalho intelectu­al e desqualifica o trabalho manual, sujeitando o proletário à ideologia burguesa sob disfarce de pequeno burguês.
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