O Jogo simbólico e o Autismo

O jogo simbólico implica em pensar, elaborar, construir e representar algo que não está presente, trazendo a fantasia para o  universo da criança, integrando o que está presente e o que está ausente.

Desenvolve-se  gradativamente e dá lugar a maior de todas as abstrações que é a linguagem. Por isso, a ausência do jogo simbólico interfere no desenvolvimento da linguagem: compreensão, modalidade oral e na comunicação como um todo.

Vários estudos relacionam a dificuldade das crianças com autismo com o jogo imaginário. Os primeiros estudos, por volta de 1980,  afirmavam que a maioria das crianças não desenvolviam  jogo simbólico e que nas poucas crianças nas quais esta capacidade apareceu ela se mostrou estereotipada, repetitiva  ou sem inovação, o oposto ao que acontece com crianças normais.

 

Por volta de 1993,  outros autores concluíram que crianças autistas tinham sérios problemas para o jogo simbólico, relatando que não eram  capazes de representar e transformar objetos internos em pensamentos, inteiramente independentes da ação visualizada. Simon Baron Cohen (1995), um dos pesquisadores mais renomados na área descreve que a criança com autismo usa objetos para explorá-lo em suas propriedades físicas e não extraem o sentido “não funcional”dos mesmos.

 

Russell (1997) referiu que o conhecimento das crianças com autismo sobre a realidade física é cognitivamente  mais saliente do que a realidade mental, por isso apresentariam dificuldades para adquirir o controle executivo necessário para inibir respostas aos estados mais salientes. Esse pensamento pode ser aplicado ao jogo simbólico, porque crianças autistas parecem ser incapazes de transpor esquemas do ambiente externo para o mundo interno pelos seguintes motivos: são inflexíveis, repetitivos, possuem dificuldade de planejar novos esquemas e modificar esquemas inadequados. A inflexibilidade ou a rigidez cognitiva reflete-se nas ações e no comportamento , desenvolvendo habilidades de aprendizagem mecânica. Isso quer dizer que há uma dificuldade para abstrair uma informação e teorizar ou formular uma ideia sobre um fato ou sobre relações entre pessoas e dos pessoas  com o ambiente. Outra dificuldade relacionada é a tomada de decisão, tão importante para as funções superiores como a memória e a linguagem. Dificuldades na espontaneidade fazem o jogo não ocorrer, pois as crianças autistas acabam precisando muito do outro para eliciar suas ações , então a dificuldade pode estar tanto na intenção quanto na iniciativa.

 

O fato é que as crianças com autismo tem dificuldade em diferentes níveis de compreensão do significado real da imaginação, do comportamento social e jogo simbólico. Possuem diferentes capacidades de imaginar  e tem dificuldade em atribuir significados variados à suas ações (brincadeiras).  A criança autista não é consciente do uso do significado de jogo ou da brincadeira. Elas são apenas conduzidas pelo prazer, sem perceber que a brincadeira é boa para desenvolver ou para o desenvolvimento.

 

Importante sabermos que a experiência de brincar para a criança com autismo apresenta-se de diferentes modos, podendo se tornar uma grave ocupação (restrita e repetitiva), pelo fato de que dão a ela um significado particular, sem conseguir compartilhar para acompanharmos sua evolução. 

fonte - convivendocomautismo
Redes Sociais:
Visitantes: 267

2 thoughts on “O Jogo simbólico e o Autismo

    1. Sim, é importante sabermos que a criança com autismo possui diferentes capacidades de imaginar, assim poderemos entendê-las e respeitá-las.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *