Um pré-requisito para a aprendizagem da Leitura /escrita consiste na discriminação espacial ou discriminação de posição. No ambiente extraescolar a orientação espacial é um aspecto irrelevante dos estímulos, isto é, um objeto permanece sendo o mesmo quando está em diferentes posições. Um copo não deixa de ser copo quando o viramos de cabeça para baixo ou o deixamos deitado na mesa. O copo será sempre copo, em qualquer posição que ele esteja. Então, a criança que ainda não se atenta para letras e palavras não discrimina mudanças de posições, isso ainda não é relevante para ela, pois não interfere no reconhecimento que ela faz dos objetos.
É preciso ensinar que o mesmo não acontece com as letras. Formatos idênticos em posições diferentes significam letras diferentes. As letras p, b e q (de imprensa e minúsculas) têm o mesmo formato, mas estão em posições diferentes. O mesmo ocorre com as letras n e u. Então, a criança precisa aprender a considerar a posição como uma característica relevante dos estímulos, pois isso será fundamental na discriminação de letras e, portanto, de palavras. Para isso, é preciso fazer com que a criança discrimine diferentes posições dos estímulos e fique sob controle destas posições.
Em um contexto de tentativas discretas podemos fazer discriminações auditivo-visuais e visuais-visuais de diferentes posições espaciais. Uma discriminação auditivo-visual seria, por exemplo, apresentar uma imagem de um objeto em cima da mesa e uma imagem de um objeto embaixo da mesa e pedir para a criança pegar ou apontar o objeto que está em cima e, na próxima tentativa, apontar ou pegar o objeto que está embaixo. Esta discriminação também pode ser feita com outros pares de posições opostas como dentro x fora; na frente x atrás; etc. Isto também pode ser feito em forma de atividades grafo motoras, por exemplo, solicitando que a criança recorte e cole imagens em diferentes posições de acordo com as instruções dadas.
A discriminação visual-visual seria, por exemplo, uma categorização de imagens de acordo com a posição. Para isso, o profissional do AEE apresenta 2 caixas e coloca em cada uma delas uma imagem que mostre um objeto em uma determinada posição. Então, vai dando outras imagens para a criança colocar na caixa da mesma posição. Por exemplo, a criança separa em uma caixa tudo que está em cima e na outra tudo que está embaixo. Vale notar que estes treinos ocorrem com imagens e objetos, ainda não se tem o objetivo de treinar a discriminação de letras propriamente dita. Esses são apenas treinos de discriminações que são pré-requisitos para então se treinar o reconhecimento de letras e palavras.
Em um contexto de ensino incidental, sugere-se apresentar jogos educativos para discriminação de posições espaciais, ou seja, jogos de opostos. Os jogos de memória de letras ou dominó de letras também contribuem para este aprendizado, já que para reconhecer letras iguais a criança deverá discriminar sua posição. Os quebra-cabeças de letras e os jogos de encaixe de letras também são muito úteis, pois na tentativa de encaixar a letra no local correto a criança vai mudando sua posição até chegar à posição correta.
Se por um lado a posição ou direção das letras no espaço é uma característica importante para discriminar entre uma letra e outra, por outro lado a posição das letras em uma palavra, ou seja, se ela está no começo, no meio ou no final da palavra, não é uma característica que deva ser considerada para discriminar que letra é. Portanto, é importante que a criança compreenda que, por exemplo, um b, permanece sendo um b se ele ocupar diferentes posições na palavra. Esse exercício de reconhecimento das letras, independentemente da posição que elas ocupam nas palavras (começo, meio ou fim) é feito de forma sistemática na escola já nos primeiros anos do processo de ensino formalizado. As professoras planejam uma diversidade de atividades com o objetivo de que as crianças identifiquem as letras em posições diferentes nas palavras. Por exemplo, pode-se pedir para as crianças selecionarem, dentro de uma lista de palavras, aquelas que começam com a letra B; ou circular as letras B que aparecem no meio das palavras; ou ainda, grifar palavras que possuem a letra B, não importando a sua posição.
Abraços Inclusivos!!
fonte - De Rose, J. C. (2005). Análise Comportamental da Aprendizagem da Leitura e Escrita. Revista Brasileira de Análise do Comportamento, 1, 29-50.
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