- O Autismo foi descrito pela primeira vez em 1943 pelo médico austríaco Leo Kanner. Assim que geralmente começam os livros sobre autismo; mencionando o Leo Kanner como aquele que fez a primeira descrição desta condição para o mundo. Personagem importante na história, pois antes disso o Autismo existia apenas como a denominação de um sintoma extremo de alienação ou desapego dos casos de esquizofrenia. Bom, mas o que eu queria destacar aqui são considerações importantes, retiradas de artigos escritos pelo próprio Kanner que julgam ter despertado nele a atenção para esta condição.
- Filho de judeus ortodoxos, Chaskel Leib Kanner nasceu numa pequena aldeia austríaca em 1894. Odiava seu nome e por isso retirou o Chaskel e mudou Leib para Leo. Kanner descrevia seu pai como alguém de estatura anormalmente baixa, socialmente introvertido, obsessivamente dedicado ao estudo do Talmude (livro sagrado dos judeus) e ávido em absorver o máximo de informações inúteis sobre todo o mundo. Se o seu pai tivesse vivido no século XXI provavelmente teria sido diagnosticado com Síndrome de Asperger.
- Kanner estudava numa escola pública, era o único judeu e por isso sentia-se isolado e diferente. Gostava de ciência e nesta matéria tinha as melhores notas. Tinha mais 4 irmãos e aos 12 anos foram morar em Berlim, conscientes de que precisavam sair da aldeia para chegar em algum lugar na vida. Mencionava os avós paternos como socialmente inadequados, visitava-os constantemente e gostava muitos deles. Entretanto quando sua avó morreu não derramou uma lágrima sequer. Isto tudo foi escrito em um dos seus artigos não publicados que esta arquivado na Associação Americana de Psiquiatria. Assim, Kanner foi um menino solitário criado por pessoas estranhas e inexpressivas, sentindo-se frequentemente à margem da sociedade.
- Nas fotografias, ele parece um homem estranho , com má postura, 1m e 50 cm de altura, careca e com expressão de cansado. Contudo , sob a superfície desajeitada e triste, pulsava uma mistura de grande confiança e ambição com gentileza, especialmente quando o assunto em questão era o bem estar das crianças. A personalidade de Kanner lembrava bastante a do pai, em grande parte definida por sua estranha memória. Ele costumava recitar longos poemas que aprendera na infância apenas evocando uma imagem da página exata em que lera os textos na escola.
- Esta descrição não quer dizer que Kanner tinha autismo, mas é certo que compartilhava características que o ajudavam a se identificar com pacientes autistas. Suas habilidades e sua genialidade médica eram muito evidente. Lembrado como uma pessoa sensível quando o assunto era uma necessidade especial. Existem várias hipóteses que explicam sua dedicação à área da deficiência mental e posteriormente autismo, mas em se tratando da dificuldade social que acomete o autismo, esta descrição explica melhor.
- Assim ele inicia o artigo que mudou sua vida e a vida de muitas pessoas com autismo:
- -Desde 1938 têm chamado a minha atenção algumas crianças cujas condições diferem de forma marcante e tão específica de qualquer coisa até agora registrada que creio que cada caso merece, e eu espero que eventualmente receba , uma apreciação detalhada de suas fascinantes peculiaridades.... e ele continuou fazendo a descrição de 11 crianças com autismo que ele estudou criteriosamente.