Fatores de risco na gestação
  • 1. Medicamentos
  • "Qualquer remédio, mesmo aqueles que parecem inofensivos, como anti-inflamatórios, devem passar pela análise do obstetra", diz Eduardo Zlotnik, ginecologista e obstetra do Hospital Israelita Albert Einstein. Confira os medicamentos que merecem mais atenção:
 
  • Antidepressivos: O uso desse tipo de medicamento durante e, principalmente, na reta final da gravidez duplica as chances de gerar filhos com problemas de hipertensão pulmonar persistente, uma doença rara que eleva a pressão no pulmão e provoca dificuldades na respiração, cansaço e tosse. Essa foi a constatação de um estudo desenvolvido pelo Centro de Farmacoepidemiologia do Instituto Karolinska, em Estocolmo, na Suécia.
 
  • Anti-inflamatórios: Uma pesquisa publicada no periódico "Canadian Medical Association Journal" relacionou o uso de anti-inflamatórios como naproxeno e ibuprofeno no início da gravidez a 2,4 maiores riscos de aborto espontâneo. O perigo não foi associado ao uso da aspirina. A explicação seria a de que esses anti-inflamatórios afetam a produção de prostaglandina, um ácido graxo que tem sua produção declinada no útero no início da gravidez. Assim, eles alterariam os níveis normais do ácido nessa fase. O maior problema é utilizá-los durante o terceiro trimestre de gestação, quando termina a formação do feto. "Os anti-inflamatórios podem ter um impacto negativo no fechamento de canais do sistema cardiorrespiratório fetal. Isto é, eles podem causar problemas cardiológicos no bebê ", diz dAuria.
   
  • 2. Peso
  • Peso demais ou peso de menos pode prejudicar a gestação, por reduzir a oferta de nutrientes e oxigênio ao bebê. "O ganho de peso planejado contribui para a boa evolução do cérebro do feto, além de manter a mãe longe da diabetes gestacional e da doença hipertensiva específica da gravidez (DHEG)", diz Alberto d’Auria, ginecologista e obstetra do Hospital e Maternidade Santa Joana, em São Paulo. Obesidade durante a gestação pode dobrar as chances de o bebê morrer antes de um ano de vida, de acordo com pesquisa da Universidade de Newcastle, na Inglaterra. A morte seria causada por problemas relacionados ao sobrepeso, como hipertensão e diabetes gestacional. Segundo os dados do estudo, o risco de vida dos filhos de mulheres com obesidade era de dezesseis mortes para cada 1 000 nascimentos (1,6%). Já entre aquelas que tinham o peso considerado normal, o risco era de nove mortes para cada 1 000 nascimentos (0.9%). Outro estudo, este conduzido pela Universidade de Groningen, na Holanda,  constatou que filhos de mulheres obesas e fumantes têm maiores riscos de sofrer problemas cardíacos. Segundo os pesquisadores, gestantes que apresentavam esses dois fatores tiveram 2,5 mais chances de gerar filhos com doenças congênitas do coração, comparadas às que eram fumantes ou às que estavam acima do peso.
 
  • 3. Suplementação
  • "O déficit de nutrientes pode afetar o crescimento do bebê. O ideal é fazer um exame de sangue no início da gravidez para descobrir quais nutrientes estão deficientes no organismo e suplementar aqueles em falta", diz Fabiane Sabbag Corrêa, ginecologista e obstetra do hospital São Luiz Itaim, em São Paulo. Confira as principais carências nutricionais de grávidas:
 
  • Ferro: A deficiência deste mineral é a mais comum no mundo e a principal causa de anemia na gravidez. Um estudo da Universidade Harvard descobriu que grávidas que fazem o uso de suplementos diários de ferro de até 66 miligramas têm menores riscos de darem à luz a bebês com baixo peso. A recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS) é de que as gestantes façam o uso de 60 miligramas de ferro todos os dias.
 
  • Vitamina D e cálcio: A falta de vitamina D prejudica a absorção de cálcio pelo organismo e pode fazer com que grávidas tenham filhos com baixo peso. Segundo uma pesquisa da Universidade de Pittsburg, nos Estados Unidos, gestantes com menores índices da vitamina no primeiro trimestre da gravidez (ou até a 14ª semana) apresentam duas vezes mais risco de parir bebês com baixo peso, comparadas àquelas com níveis mais altos do nutriente.
 
  • Ácido fólico: Segundo um estudo realizado pela Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos, a suplementação em 400 microgramas diárias no nutriente, também chamado de vitamina B9 ou folato, durante o período compreendido entre quatro semanas antes da concepção e oito semanas após o início da gestação reduz em 40% as chances de o filho ter autismo.
 
  • 4. Hipertensão
  • A hipertensão durante a gravidez (chamada de doença hipertensiva específica da gravidez) é maléfica não só para a gestante, mas para o bebê — a enfermidade afeta habilidades de pensamento, raciocínio e aprendizagem da criança em toda a sua vida. Essa foi a conclusão de uma pesquisa feita pela Universidade de Helsinki, na Finlândia. O impacto negativo seria consequência da mudança de ambiente do útero quando a pressão arterial está elevada, afetando o período pré-natal. Os cientistas constataram que os problemas de cognição apresentados até na velhice podem ter sido originários dessa fase. "Dieta controlada e hábitos saudáveis, como a prática de atividades físicas duas ou três vezes por semana, podem minimizar os efeitos maléficos dessa doença, já que sua causa não é comprovada", diz dAuria.
 
  • 5. Diabetes gestacional
  • O diabetes gestacional, que aparece durante a gestação e some depois do parto, pode afetar o pâncreas do bebê e predispor mãe e filho ao diabetes no futuro. Além disso, a doença está relacionada ao risco da mãe desenvolver doenças cardíacas na meia-idade, segundo uma pesquisa publicada no periódico "Journal of the American Heart Association". O estudo, que durou vinte anos, descobriu que o diabetes gestacional pode ser um fator de risco para o aparecimento da aterosclerose, caracterizada pelo entupimento dos vasos sanguíneos, e pode causar infarto e AVC.
 
  • 6. Atividades físicas
  • Grávidas que se mantêm em movimento geram bebês com cérebros mais desenvolvidos. Pesquisadores da Universidade de Montreal, no Canadá, acompanharam a atividade cerebral de recém nascidos até completarem doze dias de vida. Segundo eles, gestantes que praticavam ao menos 20 minutos de atividades cardiovasculares de intensidade moderada, como a caminhada, três vezes por semana a partir do segundo trimestre de gravidez tiveram filhos com o cérebro mais desenvolvido do que as mães sedentárias. A recomendação é, duas ou três vezes por semana, praticar exercício que sejam de baixo impacto nas articulações e não obriguem a grávida a fazer um grande esforço no abdômen. As atividades mais recomendadas são hidroginástica, ioga, pilates e caminhada, sempre com acompanhamento de um profissional.
 
  • 7. Álcool
  • O consumo de bebida alcoólica, mesmo pequeno, é relacionada ao parto prematuro, segundo uma pesquisa realizada pela Universidade de Leeds, na Grã-Bretanha. O risco do parto antes da 37ª semana de gestação foi duas vezes maior nas grávidas que beberam mais do que duas doses de álcool por semana no primeiro trimestre de gravidez, comparadas às que não beberam nenhuma gota. Outro estudo, feito pela Faculdade de Medicina da USP em Ribeirão Preto(FMRP-USP), revelou que o consumo de bebidas alcoólicas durante a gravidez pode levar à depressão durante e após a gestação. A média de consumo de álcool relatado na pesquisa foi de quase catorze doses (ou 163,7 gramas) durante os nove meses de gravidez, índice considerado alto — já que o que é recomendado é a abstinência total durante esse período.
 
  • 8. Alimentação
  • Manter uma boa dieta durante toda a vida é essencial, principalmente durante a gravidez. Seguir dietas extremamente restritivas no início da gravidez, porém, pode comprometer o desenvolvimento cerebral do feto, segundo uma pesquisa da Universidade do Texas, nos Estados Unidos. A carência de nutrientes e de calorias nesse período reduz a formação das conexões entre as células e das divisões celulares do bebê. Além disso, regimes drásticos podem afetar as sinapses entre as células cerebrais do feto, o que altera os genes e causa problemas comportamentais na criança.
 
  • 9. Tabagismo
  • A cada tragada da mãe, o feto recebe uma enxurrada de mais de 4 300 substâncias tóxicas que a placenta não consegue friltar. "Seria como se o bebê ficasse numa câmara de gás", explica dAuria. O cigarro, em qualquer quantidade, é contraindicado durante a gestação. Uma pesquisa feita pelo Centro Médico da Universidade Erasmus, na Holanda, constatou que o tabagismo pode causar deficiência no desenvolvimento cerebral do bebê, por provocar o estreitamento das veias da gestante e, assim, dificultar a chegada de nutrientes e oxigênio ao feto. Segundo os cientistas, o bebê poderá ter problemas comportamentais e emocionais na infância, como depressão e ansiedade.
  • Já um estudo publicado no periódico "Environmental Health Perspectives" constatou que gestantes tabagistas são mais propensas a terem filhos com transtornos do espectro autista. Dentre as participantes que geraram bebês com o problema, 11% fumaram durante a gestação. Além disso, um estudo da Universidade de Edinburgh, na Inglaterra, mostrou que fumar durante a gestação aumenta em quatro vezes as chances de gravidez fora do útero — a chamada gravidez ectópia. A cotinina, uma substância presente no cigarro, aumenta a concentração da proteína PROKR1 nas trompas de falópio. Isso impede a contração dos músculos das trompas, o que dificulta a transição do óvulo para o útero.
 
  • 10. Vacinas
  • Os anticorpos — principalmente os tipo igG (Imunoglobulina G), que protege contra a rubéola — atravessam a placenta e passam de mãe para filho. Por isso é tão importante a mulher se vacinar contra varicela, hepatite B, tríplice viral (tétano, difteria e coqueluche) e gripe, esta última durante a gestação. A vacina contra a gripe, oferecida pelo sistema de saúde pública brasileiro, é de extrema importância para as grávidas, já que a mulher tem o sistema imune mais enfraquecido no período e pode manifestar a doença com maior intensidade. Além disso, um estudo realizado pelo hospital Wake Forest Baptist Medical Center, nos Estados Unidos, concluiu que filhos de gestantes imunizadas contra a gripe têm 48% menos chances de contrair o vírus nos seis primeiros meses de vida.
 
  • 11. Stress
  • A chegada de uma nova fase da vida pode elevar o nível de stress de gestantes, quadro que libera o hormônio adrenalina e aciona as glândulas suprarrenais. Esses fatores causam um estreitamento nos vasos da placenta, o que reduz a oferta de nutrientes ao feto. Além disso, o stress pode prejudicar o sono, a dieta e as atividades diárias. "Este conjunto de fatores pode levar ao parto prematuro, que é aquele que ocorre antes da 37ª semana de gestação", explica Zlotnik.
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